O Sermão da Montanha
A
bela mensagem do Sermão da Montanha tem amplo campo de aplicação em nossas
vidas espirituais para um exame profundo de atitudes. Ela também serve como um
termômetro de nossa vida espiritual ou como um espelho que mostra nossos
defeitos, à semelhança dos dez mandamentos. Jesus começou logo mexendo com as
idéias populares, dizendo que o Reino de Deus é muito diferente do que a
maioria pensava. Pode ser que muitos fiquemos surpresos quando nos
apresentarmos diante de Cristo no juízo se não prestarmos atenção ao Sermão da
Montanha.
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
deles é o reino dos céus (Mt 5.3)
Bem-aventurados
os que reconhecem sua necessidade (pobreza) espiritual. Estes, cientes da sua
necessidade de Jesus, têm suas vidas envolvidas totalmente nas atividades e
exercícios espirituais; para eles a melhor coisa neste mundo é pertencer a Deus
sem reservas. Deus está em primeiro lugar nas suas vidas; realmente estão vivos
e deles é o Reino de Deus. Essa mesma idéia Jesus expressou em João 12.25,
dizendo: “Quem ama a sua vida,
perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.
Que pensamentos diferentes do que a maioria dos habitantes na época de Jesus
tinha!
Poucas pessoas se ligam assim a
Jesus hoje em dia também. Pense sobre isto. Tal pessoa certamente é um mordomo
fiel em tudo porque reconhece sua pobreza espiritual com humildade.
2. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
Muitas e variadas são as razões e
circunstancias que levam o indivíduo a chorar,, porém, a mais significante de
todas elas é a que se refere ao arrependimento dos pecados praticados.
Temos
condições de entender o que Jesus disse aqui melhor do que os que escutaram a
mensagem pregada na montanha. Conhecemos a vida de Jesus, sua ênfase, por isso
a mensagem tem mais sentido, porque em nossos dias estudamos o que aconteceu no
passado. Vimos o ministério dele, Sua vida e conduta, inteiramente. Coisas que
nem os discípulos entenderam bem até depois da ressurreição, sabemos hoje.
Jesus demonstrava a sua pregação pelo Seu viver. Mas, quantos de nós realmente
vivemos da maneira como encontramos na mensagem?
Jesus não quer que nós crentes
sejamos chorões. Jesus mesmo não foi assim. Mas nossos corações são sensíveis
aos irmãos e até aos incrédulos que sofrem neste mundo. O crente, quando vive
sua vida na abundância espiritual, vive com amor e compaixão para com os
outros; se tem a mente de Jesus, ou seja, o mesmo pensamento que Ele, pensará
mais no irmão ou na pessoa que sofre do que em si mesmo. Embora choremos de
compaixão, seremos consolados pelo Espírito Santo. Esta consolação é real e
rica. Jesus quer que nos sintamos para com os outros como Ele sentia. Mas não é
suficiente chorar. Os verdadeiros
mordomos choram, mas abrem seus corações, dão seu tempo, seus dons, e abrem sua
carteira para contribuir com dinheiro também.
3.
Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra. A maioria dos ricos, os reis da época de Jesus, os
imperadores, e todos desse nível social, ganharam poder, domínios, terras, e
possessões de todo tipo, pela força, desonestidade e opressão. Viúvas, pobres,
órfãos, e outros perderam direitos, heranças, e dignidade pelas mãos sujas dos
pecaminosos homens egoístas e interesseiros. Muitos dos próprios sacerdotes do
Judaísmo cometeram os mesmos pecados. Mas Jesus disse: Bem-aventurados os
mansos, os justos, os que não queriam conseguir coisas que não eram deles sem o
suor próprio. Estas pessoas crentes e sinceras poderiam possuir pouquíssimas
coisas materiais, mas sabiam viver em paz com Deus e com seus vizinhos, e não
criavam problemas com ninguém. Elas tinham grande coração para ajudar os outros
e resolver problemas; sabiam que não se vive só de pão, mas que a vida
espiritual tem um valor singular. Jesus mesmo demonstrava este tipo de vida.
Saber como viver assim é poder viver uma vida abundante e partilhar do que se
têm com os necessitados nas áreas físicas e espirituais. Os mansos têm a mente
de Jesus porque Ele foi manso, mas poucos praticam a mansidão.
4. Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Aqui temos
outra idéia principal e celestial que não combina com o pensamento da maioria
do povo do mundo. Mas os crentes têm de chegar a praticar isto para alcançarem
uma vida abundante. “Fome e sede de
justiça” deve fazer sentido no coração de todos nós. Jesus é nosso exemplo
perfeito nisto e em todos estes ensinamentos. Onde Ele via injustiça, não
importava quem o fizesse, sacerdotes, soldados do governo, saduceus, grupos
poderosos. Jesus falava duramente contra. Jesus amava o pecador, mas odiava os
seus pecados. Jesus ama ao crente justo e a justiça que este pratica na vida aqui
na terra. A vida do crente justo é a prova de que ele tem a mente de Jesus.
Quanto mais profundamente penetrarmos na
mente de Cristo e vivermos a vida que Ele vivia, mais fome e sede de justiça
teremos e nos fartaremos. Isto faz parte da vida abundante do mordomo de
Cristo. É interessante como os servos do diabo, que produzem cigarros, drogas,
pornografia, bebidas alcoólicas e as demais coisas de destruição, têm tanto
dinheiro para propagar sua mercadoria em todo lugar, de muitas formas, mas às
igrejas sempre falta dinheiro.
Os que têm fome e sede de justiça devem
saber que há um preço ou custo alto a pagar para propagar esta mensagem que
transforma até as mentes e corações dos produtores de todo o mal. O servo de
Deus que tem fome de justiça também neste sentido possui a mente de Jesus.
5. Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Estamos realmente
conhecendo o coração de Deus ao estudar o Sermão da Montanha. Nesta mensagem,
Jesus expõe o coração ou a natureza de Deus. Nosso alvo é ter mais de Jesus em
nossa vida, praticar mais e mais Seus pensamentos e assim conseguirmos uma vida
abundante na espiritualidade. Jesus demonstrava com seu viver todas estas
qualidades. Certamente, a misericórdia é coisa escassa no mundo.
Os espíritas querem demonstrar
misericórdia ao ajudarem muitos pobres e órfãos. Estes têm suas campanhas de
casa em casa para pedir esmolas para suas instituições de misericórdia.
Católicos e outros grupos fazem o mesmo. De fato parte dos recursos para estas
obras de carência vêm dos bolsos dos fiéis deles, mas a misericórdia aqui se
dirige aos conhecidos normalmente. A Bíblia nos ensina a praticar esta
misericórdia entre os membros da igreja primeiro, e daí expandi-la também a
outros. A misericórdia tem que se tornar inata entre nós. Parte da nossa
natureza espiritual, porque pertencemos a Jesus e Ele foi cheio de
misericórdia. Orgulho, vaidade, egoísmo, tudo tem que sair de nós para que
tenhamos esta graça na natureza de Jesus, o que faz parte da vida abundante.
Assim alcançaremos misericórdia numa medida além da nossa capacidade de
imaginar. O crente que tem misericórdia vê muitas oportunidades para uso de
tempo e bens materiais para alcançar o mundo para Cristo Jesus. Através da liberdade
e servindo a Cristo na igreja local, o crente misericordioso acostuma-se a dar
de si mesmo porque tem um coração terno e amoroso.
6. Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Jesus não está dizendo que
somente este grupo, ou os que cumprem esta qualidade da natureza espiritual de
Deus, verão a Deus. O ideal é ter todas estas qualidades, e Jesus, então,
destaca cada uma como importante de uma maneira diferente. Aquele crente que
tem todas estas qualidades é saturado pelos pensamentos de Jesus. Jesus diz que
cada qualidade ou área da vida espiritual mencionada traz um benefício para
quem a pratica e há muitos benefícios diferentes que abençoam a vida. Limpo de
coração! Que belo pensamento! Isto descreve uma vida intima com Deus, alguém
que vai diariamente à presença de Deus, ao trono da graça, em comunhão com
Deus, o Pai Eterno. Isto nossos corações desejam. Lembremo-nos de Hebreus 4.16:
“Cheguemo-nos, pois, com confiança ao
trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de
sermos socorridos no momento oportuno”.
Como
excelentes mordomos em tudo, se nosso coração é guiado por Deus, nossas mentes
também se acham controladas por Jesus através do Espírito Santo. Ninguém entre
nós tem condições de instruir Deus em coisa algumas, mas, ainda assim, somos
instruídos a ter a mente de Jesus. Em I Coríntios 2.16, temos as seguintes
palavras: “Pois, quem jamais conheceu a
mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós (crentes) temos a mente de
Cristo”. Tomara que todos em nossas igrejas realmente tivessem a mente de
Jesus e teríamos recursos e espiritualidade o necessário para levar a mensagem
salvadora até os confins da terra.
Deus
quer que cheguemos com confiança ao trono da graça, mas todos sabemos que não é
possível se não há, em primeiro lugar, sincero arrependimento de nossos
pecados. Tentamos entrar na santa presença de Deus, através de Jesus, nosso
mediador, com pecados não confessados. Isto se torna comum em muitas vidas e não
sentimos nossas orações passarem além do teto.
Temos que limpar nossos corações primeiro, e não é tão fácil porque
Satanás gosta que pensemos que os nossos pecados são pequenos, não grandes. O
diabo quer nos persuadir de que pequenos pecados não prejudicam. Não condenamos
a nós mesmos, e é difícil, então, confessar o que consideramos pequenos
pecados. Aliás, depositamos todos os pequenos pecados numa gaveta no fundo de
nossa mente, na subconsciência, e tentamos esquecê-los. De fato, às vezes
esquecemos mesmo, mas Deus não esquece. Se Satanás nos convencer de que algumas
coisas que fazemos ou deixamos de fazer não prejudicam nossas vidas, mas são
pecados pequenos e insignificantes, não progredimos no caminho para a vida
espiritual abençoada. Deus quer um coração limpo.
Quando
chegarmos diante do trono da graça, lá na magnífica presença do Deus Santo,
realmente veremos Deus com nossos olhos espirituais.
Não
podemos ver Deus diariamente com nossos olhos espirituais ou sentir Sua
presença em nossos corações até que nossos corações estejam limpos diante Dele.
Não podemos chegar até Sua presença através de ritos, cerimônias, pensando que
estas coisas vão limpar nossos pecados. UM CORAÇÃO LIMPO É UM CORAÇÃO QUE NÃO É
LADRÃO. Alguém com coração limpo não pensa em roubar a Deus em seu tempo,
talentos, ou dinheiro.
7.
Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus. Os crentes que cumprem todas as coisas
de que temos falados também serão reconhecidos como filhos de Deus, mas a experiência
principal pela qual temos o direito de nos chamarmos filhos de Deus é o novo
nascimento. Podemos dizer: “bem-aventurados
aqueles que se esforçam para manter a paz”, o que significa o mesmo, “estes serão chamados filhos de Deus”. Os
anjos anunciaram o nascimento de Jesus assim: “Glória a Deus nas
maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade” (Lc
2.14). Jesus veio para restabelecer a verdadeira paz entre Deus e os homens, e
tendo esta paz, praticada, teremos paz entre os homens também. Jesus, o
unigênito Filho de Deus derribou a barreira de pecado que separava os seres
humanos do seu Criador e Deus Vivo e Verdadeiro. Para aqueles que o aceitaram
como Senhor e Mediador Jesus disse em João: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a
dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”
(Jo 14.27). A paz de Jesus é espiritual, não
passageira como a paz do mundo. A paz espiritual é uma paz sem igual. Satanás é
destruidor da paz. O mundo não conhece paz espiritual, senão através dos
crentes que a praticam e demonstram. Jesus trouxe paz verdadeira e O conhecemos
como Filho de Deus, único, mas os que seguem Jesus, esforçando-se para manter a
paz, também se farão reconhecer como filhos de Deus. Mas, como o crente pode
ter paz se não é fiel mordomo? Mordomia é uma vida intimamente controlada por
Jesus e inclui o ter paz com Deus. Isso acontece quando vivemos o mais perto
possível de Deus, como Jesus vivia. Um crente pacificador trabalha para que
todos tenham paz com Deus e uns com os outros.
8.
“Bem-aventurados
os que sofrem perseguições por causa da justiça, porque deles é o reino dos
céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso
galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”
(Mt 5.10,11). Jesus queria que os que decidiram segui-LO, O seguissem de perto.
Isso é praticar e viver como Ele mesmo vivia dentro da sociedade pecaminosa.
Crentes poderão sofrer injúria, mentiras, perseguições de muitos tipos porque
Satanás não suporta pessoas assim no seu território. O mundo é o território de
Satanás, o seu domínio, mas qualquer crente que viva umas vida exemplar,
imitando Jesus, vence sobre ele. Um bom testemunho possui um poder que Satanás
não tem força para dominar. Isto o deixa feroz e ele cria oposição através de
pessoas incrédulas, com a intenção de destruir o bom testemunho. Mas Jesus
disse no versículo 12: “ALEGRAI-VOS E
EXULTAI, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram
aos profetas que foram antes de vós”. Os mais fiéis servos de Deus durante
séculos têm sofrido ataques de Satanás, mas a recompensa é, em primeiro lugar,
uma VIDA ABUNDANTE, UMA VIDA EM QUE SE SENTE O PODER DE DEUS EM AÇÃO, UMA VIDA
EM QUE SAIBAMOS, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, QUE ESTAMOS AGRADANDO A DEUS. Fidelidade
em todas as circunstancias é o que mostra amor mais claramente. Isto vale muito
mais do que qualquer coisa na vida cristã. Quando encerrou este trecho falando
de galardão nos céus, Jesus falava da “mordomia
de vida” ou do envolvimento de todo o nosso ser no serviço do Rei que
possui galardões para dar aos crentes. Nem se pensa num galardão no céu para
isto; porque imitar Jesus é o mínimo que devemos fazer. Além disso, se Deus
quer nos dar um galardão ou prêmio especial, Ele assim o fará. Não seguiremos
Jesus motivados por isto!
Todos
estes pontos importantes sobre seguir a Jesus da mais elevada e sublime maneira
se referem também à mordomia da vida. Para conseguirmos uma vida deste quilate
espiritual precisamos adotar estes pensamentos de Jesus como nossos. Só
conseguiremos isto com luta, submissão, oração, e um estudo regular do sermão
da Montanha. Temos que morrer para o nosso “ego”.
Mas vamos ver alguns outros pontos no sermão da montanha que tocam o aspecto da
mordomia, tema que abrange toda a vida do crente.