Possuímos uma natureza tripartida:
corpo, alma e espírito, como constam, por exemplo, nos textos bíblicos de 1
Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12.
A
natureza tríplice do homem é a seguinte:
Corpo –
A dimensão do homem que lida com o âmbito físico.
Alma –
A dimensão do homem que lida com o âmbito mental. O intelecto do homem. As
sensibilidades e a vontade. A parte que raciocina ou pensa.
Espírito –
A dimensão do homem que lida com o âmbito espiritual. A parte do homem que
conhece (ou pode conhecer) a Deus. É
a essência da natureza divina (Jo 4.24).
Dicotomia e Tricotomia
Todos concordam que o homem tem tanto
uma natureza material como uma imaterial. Sua natureza material é seu corpo;
sua natureza imaterial é sua alma e seu espírito. Surge a questão: o homem é um
ser duplo ou tríplice? O espírito e a alma são uma só e a mesma coisa ou
devemos diferenciá-los um do outro? Aqueles que acreditam que a alma e o
espírito são uma só coisa são chamados de dicotomistas; os que afirmam que não
são a mesma coisa são chamados de tricotomistas.
Analisaremos as duas escolas que interpretam
as partes que compõem o ser humano, todavia o fato de seguirmos uma linha de
pensamento sobre o assunto, não significa que consideramos outros pontos de
vista falsos. Apenas discordamos dos ensinamentos que não tem embasamento
bíblico.
O Corpo
Ao falar da criação do homem, a
Bíblia começa com estas palavras: “E criou Deus o homem...”
(Gn 1.27). A Bíblia apresenta um fato e não se preocupa em prová-lo. No
hebraico, a língua do Antigo Testamento, a palavra homem significa
literalmente terra, pó, barro. No grego do novo testamento,
o termo homem tem uma definição filosófica que corresponde a “aquele que
olha para cima”, porque entendiam que o homem é um ser superior no
reino animal. Está escrito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma
vivente” (Gn 2.7). Na primeira parte deste versículo temos a formação
material do ser do homem. Deus formou o homem do pó da terra, dando beleza à
sua estrutura terrena.
Todos os elementos que compõem o
corpo humano podem ser facilmente encontrados e comprovados cientificamente nos
laboratórios bioquímicos. Os cientistas apresentam cifras aproximadas de
elementos químicos que compõem o corpo humano, a saber: 72% de oxigênio; 14% de
carbono; 9% de hidrogênio; 2,5% de nitrogênio; os 2,5% restantes de pelo menos
15 outros elementos como cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro,
iodo, ferro, cobre, zinco e outros elementos em proporções menores. Porem, o
corpo, como todos estes elementos, se não tiver a bênção divina, não tem nenhum
valor.
A tipologia do corpo
Vários são os tipos que podem
ilustrar a importância do corpo humano.
1. Tabernáculo ou tenda (2 Co 5.1; 2 Pe 1.13,14). Esses textos referem-se ao corpo como
algo provisório, assim como o tabernáculo o era, para Isael, na sua
peregrinação à terra prometida. Nosso corpo é o invólucro da alma e do espírito
(Dn 7.15). O tabernáculo era facilmente desmontável, para o povo de Israel
transportá-lo através do deserto. O nosso corpo é o tabernáculo da
alma e do espírito durante nossa passagem através dessa vida aqui na
terra.
2. Templo. O templo é um lugar consagrado pela presença de Deus – um lugar onde a
onipresença de Deus é localizada (1 Rs 8.27,28). O corpo de Cristo foi um “templo”
(Jo 2.21) porque Deus estava nele (2 Co 5.19). Quando Deus entra em relação
espiritual com uma pessoa, o corpo dela torna-se um templo do Espírito Santo (1
Co 6.19).
3. Vaso de barro (Lm 4.2; 1 Ts 4.4; 2 Tm 2.20,21). Essa designação é para mostrar a
fragilidade do nosso corpo e, também, para destacar a importância e utilidade
desses vasos para a obra de Deus.
É
fácil definir o que é o nosso corpo, porque é a parte de nós que podemos ver e
que entra em contato com a dimensão tangível, física. Através das cinco
faculdades (ou sentidos), que se manifestam através do corpo, que são: a visão,
a audição, o tato, o paladar e o olfato, o corpo nos fornece as informações que
necessitamos para discernir o mundo natural no qual vivemos.
A alma
É preciso saber que o corpo sem a alma é inerte. Ela precisa dele para
expressar sua vida funcional e racional. A palavra hebraica usada para designar
alma é nephesh, e no grego à palavra usada é psiquê. No
latim é anima, significando ânimo, energia, essência. A alma
é a personalidade humana; o centro das decisões. Ela está relacionada a Deus
por meio do espírito e à terra por meio do corpo.
A
alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano,
usando os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais
e os órgãos do corpo para se expressar e comunicar-se com o mundo exterior.
Originalmente a alma veio a existir em resultado do sopro sobrenatural de Deus.
Podemos descrevê-la como espiritualmente e vivente, porque opera por meio do
corpo. No entanto, não devemos crer que a alma seja parte de Deus, pois ela
peca. É mais correto dizer que é dom e obra de Deus (Zc 12.1).
A
alma tem três faculdades ou qualidades, pelas quais ela se manifesta: Intelecto,
Sentimento e Vontade.
O
Intelecto (Gn 1.28; 2.19,20). É a parte da alma que pensa,
raciocina, decide, julga e conhece. É o intelecto que recebe conhecimentos. É o
conjunto das funções mentais que correspondem ao pensamento abstrato e lógico.
Os
sentimentos fazem o homem um ser emotivo. O homem não é como uma
máquina, insensível. Ele pode sentir todas as grandes emoções como alegria,
gozo, tristeza ou prazer, descontentamento e dor. As emoções afetam o
funcionamento do coração, por isso costumamos atribuir-lhe nossos sentimentos.
Os sentimentos devem ser cultivados sob o controle do Espírito Santo. O fruto
do Espírito (Gl 5.22) está diretamente ligado à parte emotiva. Contudo, isto
não quer dizer que as qualidades do fruto do Espírito sejam meras emoções.
A
vontade é aquele poder e oportunidade para se fazer conduzir como
quiser, ou de acordo com sua escolha.
A
vontade é uma das mais fortes qualidades da alma humana. Ela atua, geralmente,
influenciada pelo intelecto e pelas emoções do homem. Ela não age sozinha. Há
sempre um poder superior atuando sobre ela. Não há vontade livre no sentido
mais absoluto, porque ela obedece também às forças emotivas e intelectuais da
alma. O intelecto envolve as afeições e os desejos da
alma. A vontade está intimamente ligada à escolha que a alma
faz dos meios e fins desejados.
O espírito
O espírito é a parte mais profunda do
ser humano. A palavra equivalente a espírito, no hebraico, é ruach;
no grego, pneuma. O sentido mais elementar das
palavras ruach e pneuma é
vento, hálito, respiração, sopro. Porém, a palavra espírito deve ser
interpretada dentro do seu contexto para que seja entendida na sua real
significação. Ambos os termos no hebraico e no grego podem referir-se ao
Espírito Santo, aos anjos como também aos homens (Gn 2.7; Mt 27.50; Lc 8.55; Mt
8.16; Lc 1.11; At 5.19; Hb 2.7). O espírito é o princípio ativo de nossa vida
espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre
Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que “o corpo, a alma e o
espírito constituem a base real dos três elementos do homem: consciência do
mundo externo; consciência própria e consciência de Deus”.
O espírito foi formado pelo Criador
na parte interna da natureza do homem, capaz de renovação e
desenvolvimento (Sl 51.10). Esse espírito é o centro e a fonte da vida humana.
As
faculdades (ou capacidades) do espírito humano
São
duas as faculdades essenciais do espírito humano: Fé e Consciência.
Essas duas faculdades identificam a religiosidade natural do homem, isto é, o
seu lado intermediário espiritual.
Fé
e consciência expressam a natureza moral e espiritual do homem e mostram sua
indiscutível diferença da criação irracional.
A Fé é
a faculdade que expressa à máxima natureza religiosa do homem. É uma faculdade
que nasce com ele. É inata à sua existência. Não é fé ensinada ou adquirida,
mas é própria do ser espiritual humano. Ela abrange o caminho para a adoração a
Deus, o Criador. A fé visualiza o futuro com a esperança. A fé incita o homem
racional a orar e comungar com Deus.
A Consciência expressa
à forma que o homem se relaciona e reage ao o mundo
objetivo. Consciência inclui o saber das emoções, sentimentos, dos
desejos e de outras coisas que nos controlam.
A consciência que
cada indivíduo tem é diferente da do outro porque ela envolve crença, valores e
toda experiência de vida do mesmo.
A Consciência é
a lei moral e espiritual. Deus ordenou que as criaturas inferiores fossem
governadas primeiramente pelos instintos, mas o homem foi elevado à dignidade
de possuir o dom de livre-arbítrio e a razão, com os quais poderia
disciplinar-se a si mesmo e tornar-se árbitro de seu próprio destino.
O intuito deste estudo, não é dividir o homem em três pessoas, mas
apenas mostrar que, ele mesmo sendo uma unidade, é composto por estas três
partes essenciais. Compreender isto é fundamental para a compreensão da
natureza do homem.
Seu
futuro: Todos os homens serão ressuscitados
dos mortos (Jo 5.28,29). Os não-redimidos serão ressuscitados para uma
existência eterna no lago de fogo (Ap 20.12,15), e os remidos, no céu.
Sua
característica: “Imagem e semelhança de Deus”.
O estado original de Adão era de santidade recebida, mas não confirmada. Ele
perdeu este estado com a queda, mas o homem ainda retém vestígios da imagem e
semelhança de Deus. (1 Co 11.7; Tg 3.9).
A. S. Barros